Segunda-feira (promoção: ingressos a R$5,00) assistimos a Sangue Negro (There will be blood, 2007).
A estória se passa entre os últimos anos do século XIX e início do século XX, durante a explosão do petróleo na Califórnia, com Daniel Day-Lewis vivendo Daniel Plainview, que se transforma de um esforçado minerador de prata desesperado em prospector de petróleo e, mais tarde, em magnata do petróleo. Empreendedor ambicioso, Plainview realiza o sonho americano, mas termina alcoólatra, atormentado e sozinho. Um homem que tem tudo e ao mesmo tempo não tem nada. Como pano de fundo, o drama das condições sub-humanas a que estavam submetidos os trabalhadores na escavação dos poços de petróleo. Não faltam vítimas.
Fiquei com essa temática na cabeça...
Na quinta-feira houve um acidente na obra de construção do Manauara Shopping quando um barranco cedeu. Um operário de 24 anos morreu soterrado, outro fraturou a bacia e o fêmur e outros ficaram feridos. Os companheiros que os socorreram denunciam a pressão para o cumprimento dos prazos, a despeito das chuvas que dificultam as condições, e a falta de respeito no tratamento que recebem. A obra teve um progresso relâmpago, apesar do rigoroso inverno que atravessamos. No dia seguinte haveria trabalho normal, mas logo no início da manhã os trabalhadores, em protesto por melhores condições de trabalho, recusaram-se a trabalhar. Agora o Ministério Público do Trabalho está fiscalizando a obra.
Hoje, nossa faxineira me disse que na fábrica de motos onde ela trabalha, no turno noturno, os trabalhadores têm sido submetidos constantemente a jornadas de 14 (Catorze!!!) horas. Normalmente, o turno dela inicia-se às 17:00, após um lanche. O jantar é servido às 21:00, e ela sai do trabalho às 02:15. Porém, nas últimas semanas tem acontecido constantemente o seguinte: o turno começa às 17:00, e depois que eles já estão trabalhando são informado que o lanche será às 21:00. Nesse momento eles já percebem que vão ficar até mais tarde. O jantar é servido 24:00 e o trabalho segue até 07:00. Por causa disso, muitas colegas passam mal, chegando a desmaiar, sendo encaminhadas ao pronto-socorro mais próximo. Todos os que faltam ao trabalho são demitidos, incontinenti, e substituídos. A fábrica fica na entrada de uma bairro muito pobre e muito populoso.
Síntese: No século XXI o Capitalismo continua o mesmo, implacável, como sempre, irremediavelmente cruel e desumano. Um conto-do-vigário.
E os homens seguem portadores do mesmo vazio...
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